5º Congresso Nacional das Escolas Franciscanas: Educação Franciscana na Comunicação Digital
Sinopsis
A realização do 5° Congresso Nacional das Escolas Franciscanas, com o tema central Educação franciscana na comunicação digital, representa a continuidade nas ações voltadas ao aprofundamento dos princípios que norteiam o pensamento filosófico e as práticas pedagógicas das escolas integrantes da Sociedade Caritativa e Literária São Francisco de Assis – Zona Norte.
Nesse viés, discutir a comunicação digital no contexto educacional é necessário à sociedade contemporânea. A escola, como mediadora dos conhecimentos científicos, precisa acompanhar as inovações tecnológicas e avaliar suas repercussões nos processos educativos. Uma constatação atual é que, na era digital, o conceito de tempo modificou-se profundamente, porque as distâncias também foram encurtadas. Esse “encolhimento” do mundo, propiciado pelo desenvolvimento das tecnologias de comunicação, modificou também a compreensão de espaço e do tempo.
É interessante observar que, de modo geral, as pessoas separam espaço e tempo em duas categorias distintas do conhecimento. Em uma compreensão integrada da realidade, espaço e tempo são duas dimensões inseparáveis. O tempo é contínuo, interativo e dinâmico e há uma relação dialética entre o presente, o passado e o futuro. O futuro não está predeterminado e pode ser modificado pelas ações do presente. Nessa perspectiva, trazer para o fórum de discussão do Congresso a temática comunicação digital propicia a construção de projeções futuras à educação franciscana. Esse diálogo impõe uma questão ética, na qual se considera não ser mais possível avaliar o presente com os mesmos recursos cognitivos do passado.
No cenário da educação escolar, é importante construir estratégias de domínio tecnológico como recursos que facilitem a mediação do professor e a aprendizagem dos estudantes. Em vista disso, exige-se um professor mais seletivo e, ao mesmo tempo, crítico para utilizar os recursos digitais de maneira profissional. O domínio desses recursos faz parte das competências necessárias para se ensinar nos dias atuais. Nessa modalidade, o ensino confere possibilidades de comunicação em rede e, com isso, a sofisticação tecnológica tornou a comunicação mais interativa. Todavia, a interatividade não se encontra na tecnologia em si, e sim no ser humano que faz uso dela.
Concomitantemente às tendências atuais da comunicação digital, é desejável que as escolas franciscanas reafirmem o compromisso com uma educação que promova a cultura de Paz e Bem. Cabe lembrar que Francisco de Assis teve um olhar humano para o não humano e, não por acaso, pássaros e lobo eram, por ele, atraídos. Poderíamos questionar: que linguagem usava Francisco para se comunicar com os animais? Que modalidade de comunicação usou para congregar seguidores até os dias de hoje?
Seguramente, as tecnologias da era digital seriam coisas impensadas na Idade Média. A Rádio e Televisão Italiana, “Raí” da época, eram os tanques de pedra que persistem ao tempo nas ruas de Assis. As notícias eram contadas de boca a boca, das lavadeiras aos vendedores de tecidos.
Não se sabe ao certo, mas é possível inferir que Francisco tenha decifrado a linguagem base que a vida usa para se comunicar. Fez-se entender, bem como entendia os animais, a água, o sol, a lua, o vento. Viveu o princípio da fraternidade universal com relação às pessoas e com a natureza. Para tanto, usou uma linguagem subjetiva que brota da sensibilidade humana, da exatidão de consciência, da alegria de viver o que se é, no aqui e agora. Esse olhar sensível é anterior a qualquer forma de comunicação, seja digital ou não, pois é a insubstituível linguagem da vida. Portanto, a dimensão humana deve ser cultivada, primeiro como princípio orientador de vida de todo educador, para que depois possa ser prática pedagógica na educação franciscana.
Os Anais 5° Congresso Nacional das Escolas Franciscanas estão organizados em cinco seções. Na primeira seção, encontram-se a programação do evento e os discursos de abertura, proferidos, respectivamente, pela profª. Lia Margot Dornelles Viero, Coordenadora do Congresso, e pela profª. Valderesa Moro, Diretora Presidente da SCALIFRA-ZN. O primeiro discurso enfatiza a pertinência do tema comunicação digital, uma vez que a escola precisa adequar-se às novas exigências da informação e do conhecimento. O segundo discurso destaca o franciscanismo como uma realidade viva e a proposta educativa franciscana como uma elaboração do inacabado, assim como é a vida, o homem, o mundo, a história e o próprio Deus.
Na segunda seção, são apresentados os resumos de três conferências ministradas no Congresso e os textos síntese dos participantes de um painel. Em Educomunicação: um novo paradigma no diálogo entre educação e sociedade, o prof. Ismar de Oliveira Soares identifica interfaces entre educação e comunicação que teve início no espaço das comunidades alternativas, a partir dos anos de 1960 e 1970. Na atualidade, enfatiza o autor, o uso do termo educomunicação especifica uma práxis social capaz de mobilizar agentes culturais e educadores interessados em repensar a relação entre a comunicação, suas tecnologias e a educação, em uma sociedade complexa.
Na Conferência Crianças, jovens e cultura digital: os desafios da mídia-educação, a profª. Monica Fantin privilegiou as necessárias relações entre as pessoas e os desafios de formar um usuário digital ativo, crítico e criativo de todas as TICs. Isso possibilita democratizar oportunidades educacionais e educar para a cidadania instrumental e de pertencimento social. A mídia-educação promove uma educação sobre, para, com e através dos meios, enfatiza a autora.
Virtualidade e mensagem franciscana, conferência proferida pelo prof. Valdemar Antonio Munaro, destaca a força que as tecnologias digitais têm no imaginário e a estreita ligação com a imaginação ‘poética’ e ‘patológica’ da existência humana.
Na sequência, constam três textos de professores que integraram o Painel Novas tecnologias: questões educacionais e penais. O primeiro de autoria de Ana Alice Franco de Moraes, intitulado A criança e o jovem: estranhos ou conhecidos nossos?A autora defende que o desenvolvimento da criança passa por um processo acelerado de amadurecimento em que a família, altamente convencida pelos meios de comunicação, substitui o papel imprescindível do contato afetivo e da estimulação lúdica pela proposta que a mídia oferece. As consequências jurídicas da utilização da internet na sociedade de controle, texto de Marília De Nardin Budó, destaca que as preocupações decorrentes do alto número de pessoas conectadas à rede mundial de computadores devem ser pautadas nas esferas social, política, econômica e jurídica. É possível refletir a relação entre carisma franciscano, novas tecnologias e educação? Este é o terceiro texto que compõe o Painel, de autoria do prof. Valdir Pretto, o texto destaca a importância do franciscanismo na era digital por resgatar o humano no respeito pelo outro e por toda a criatura.
A terceira seção dos Anais é composta pelas sínteses das treze oficinas oferecidas a estudantes, professores e demais participantes do Congresso. Alinhadas ao tema geral do Congresso, as oficinas abordaram aspectos referentes a diferentes mídias como rádio, web, redes sociais, vídeos, fotografias, produção de conteúdos digitais e de audiovisuais, a internet como recurso pedagógico, o uso de TICs como possibilidades de inclusão social e de estratégias da educação à distância, entre outros temas.
Integram a quarta seção dos Anais os resumos de vinte e seis trabalhos apresentados pelas Escolas Franciscanas, nas modalidades de pôster e comunicação oral. Esses trabalhos são resultado de atividades pedagógicas desenvolvidas em diferentes áreas do conhecimento, priorizando o uso de tecnologia da informação.
Compõe a parte final dos Anais um texto de autoria da profª. Lia Margot Dornelles Viero em que são apresentados os Compromissos do Congresso 2012. Nesses, reafirmam-se os propósitos de ressignificar e humanizar as práticas pedagógicas com o uso das TICs.
Acreditamos que as reflexões contidas nos textos sistematizado neste compêndio contribuem para o reconhecimento de singularidades da educação franciscana e para o uso racional das tecnologias digitais, sem perder de vista a dimensão humana. Desejamos a todos uma agradável leitura
Profª. Drª. Noemi Boer
Comissão Técnico-científica