Vida e Missão das Irmãs Franciscanas da Província do Imaculado Coração de Maria

Em cada momento histórico em que se experimentam mudanças profundas nas relações sociais, nos âmbitos econômico, político, cultural, religioso... também entram em efervescência embates teóricos e ideológicos, modificam-se concepções sobre o ser humano, a conduta moral, as escolhas e os valores humanos. Essas mudanças podem ter um significado evolutivo em termos de ganhos para a humanidade ou de retrocesso.

As transformações que se evidenciam repercutem com exigências de adequação ou de transformação às ciências, ao conhecimento, às relações humanas, às instituições, enfim, é necessário conceber novo paradigma. Pela observação do que ocorre no espaço das relações sociais, nota-se que tradição e ordem conferem lugar à criatividade e ao empreendedorismo, obediência e submissão cedem assento à autonomia, ao espírito de iniciativa, ao diálogo, à responsabilidade. Em meio a essa complexidade, talvez, o mais difícil seja a mudança na maneira de pensar.

A constatação dessas modificações e de sua incidência no âmbito pessoal, comunitário e social motivou um processo de estudo e de avaliação da vida e missão da Província. Melhor dito, uma pesquisa que objetivou, mediante a consideração e um percurso no cotidiano, evidenciar a razão da vitalidade das Irmãs em sua escolha de vida e missão, conhecer desmotivações e desalinhamentos, mas também perscrutar buscas e desejos de superação. Procurou-se conhecer melhor as partes para compreender o todo e, dessa forma, propor metas para o futuro.

É importante observar que a pesquisa realizada não tem a pretensão de abordar completamente a realidade da Província, pois vemos a realidade com os olhos de dentro, da alma. Portanto, as percepções são carregadas de afeto, emoção, experiência de vida. Nesse ponto pode-se incorrer em erro por parcialidade. Deve-se observar que, a pesquisa ora empreendida, se preocupa com a precisão dos dados e a coerência do conjunto das informações uma vez que expressam palavras, imagens, vivências, mesmo que imbuídas de subjetividade.

A partir de depoimentos em entrevistas coletivas, a análise dos dados procurou organizar, interpretar e desenvolver categorias de análise à compreensão da realidade em estudo: vida e missão da Província. Buscou-se fazer essa aproximação com rigor metodológico e, portanto, com a objetividade possível. Tem-se consciência de que os depoimentos comportam uma interpretação espontânea natural das pessoas que participaram das entrevistas por seu envolvimento direto com esta missão. São, portanto, afirmações a partir de subjetividades, depoimentos que projetam maneiras de pensar, desejos, lutas, problemáticas pessoais dos participantes.

Ao expor seu pensamento, os pesquisados expressaram percepções e desejos. Há, portanto, subjetividades. Desta forma, faz-se necessário considerar que qualquer leitura da realidade não coincide absolutamente com a realidade lida, mas representa uma busca de objetividade, um espaço de aproximação com a realidade a ser lida e interpretada. Seguiu-se com método determinado e prudência, a fim de controlar essas dificuldades, pois se sabe que jamais alcançaremos a absoluta objetividade.

Esta pesquisa produzirá os resultados propostos se repercutir para a maior integração das pessoas em vista da vida religiosa e da missão provincial. Entende-se que, a possibilidade de desenvolver um olhar sistêmico sobre a vida e a missão da Província, na busca de superação de um modelo linear por um pensamento sistêmico, se fortalece quando as pessoas se aproximam, somam suas potencialidades e se conectam para, a partir da experiência e história institucional, projetar estratégias de ressignificação da missão.

A expectativa desta pesquisa é de estimular à colaboração mais do que a competição, à compreensão do todo mais do que a valorização do mérito pessoal. Acredita-se que, como seres humanos, não estamos sempre iguais nem estamos prontos. A vida ensina a tornar-nos cada dia o que devemos ser: pessoa humana criada à imagem de Deus.